Olha só a formação da bateria de uma escola de samba. Tipo, a coisa começou mais modesta nos primórdios, mas depois o povo pirou e a coisa foi crescendo, hoje tem 400 integrantes, por aí. É, pro bem ou pro mal, uma orquestra de responsa. Quer dizer, o tipo de complexidade rítmica que um conjunto como esse permite tem que ser superior ao de uma bateria de jazz-rock normal. E antes que um filisteu arrisque seus dois palitos: tou dizendo que o pontencial para a
complexidade é superior, não que música ou o ritmo sejam superiores... Porque eu não entro nessas de mérito, que parece papo de bêbado discutindo se Bach é melhor ou pior que Mettalica. Eu, hein.
A bateria americana fez o caminho inverso. Por razões de praticidade e economia,
lá pela mesma época (anos 1920, 30) foram reduzindo os vários instrumentos de uma banda (tipo banda militar mesmo, uma fanfarra) a um kit tocável por um único instrumentista. E depois, com o passar do anos e os muitos virtuoses, foram acrescentando umas coisinhas aqui e ali. Em suma: é uma invenção mambembe, pro músico viajante.
Agora, tem neguinho que toca essa bateria safada aqui embaixo, o drum machine, e nunca viu uma daquelas lá em cima, com centenas de mãos humanas mexendo harmoniosamente, sem vacilar nem atravessar. Será se ele visse, programava diferente? Sei lá. Importa? Provavelmente não. Bumbum, Paticumbum, Prugurunduns à parte, eu continuo fissurada num Boom Boom Tchak*...
LINQUE:
Leia
artigo bem informativo sobre baterias (a gringa e a nossa) no Dicionário da MPB.
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A primeira onomatopéia é de Ismael Silva, do famoso samba campeão do Rio em 1982, pela Império Serrano; a segunda é do gênio teutônico pop Kraftwerk.