TANTAS CANÇÕES
Mas quanta música eu já ouvi, meu deus. Quando eu tinha uns 10 anos eu provavelmente já tinha alcançado a minha mãe em quantidade de música ouvida - na vida dela até os 70. E olha que eu sou uma ouvinte lousy, preguiçosa, que adora conforto. Lembro em conversa com Beto e Wesley, faz uns 15 anos, dizendo que não ouvia tecno porque gostava de canções tão-somente. Até hoje ele me tiram, porque eu seguida disse que curtia Sepultura sim, e "canção do Sepultura", bom, é um conceito válido, mas infelizmente soa estúpido.
Com o lance da rádio, passei a fazer mais pesquisa em áreas que jamais arriscaria. O que é bom. Mas amplia ainda mais, numa hora de desespero, sufocamento de excesso. Ando sofrendo, desde uns dez anos pra cá, de agorafobia musical. Num papo no Soulseek tava falando com um guri que disse que antes dos p2p adorava música, mas o amor cessou depois que ele tem mais arquivos no micro do que será capaz de ouvir jamais.
Fato é que eu gosto cada vez mais de música, mas a relação mudou. Shows eu curtia, agora tenho cada vez menos paciência. Meu gosto se expandiu muito também, e não lembro de um estilo que eu possa dizer "num dá". Muito disso é pelo acesso fácil. Faça um teste: pega um estilo que você não agüenta, passa um dia pesquisando na rede figuras "de ponta", ou "originais" ou "vanguarda" ou "únicas" naquele estilo (tá, tem uns gêneros que não sustentam esses rótulos, mas você é inteligente e saberá adaptar). Baixa a música. Compara com o mais banal do mesmo gênero. Pronto, já dá pra criar um gostinho pelo cara que tá tentando mais. Até fado eu ouço agora. (Tá, é verdade, ouço pra escolher o "Fado Obrigatório" que tem que rolar no meu outro programa, o Sexta Livre. Ha.) Mas ouço, e aprecio. Yeah. Tantas canções.