TECNOBREGA, OU A NOVA ORDEM FONOGRÁFICA

Enquanto a indústria fonográfica arranca os cabelos com a pirataria estilo Soulseek e Kazaa dos MP3 da vida, floresce no Estado do Pará uma indústria fonográfica independente, paralela e informal que poderia vir a representar uma ameaça ainda maior do que a troca de música ilegal.

Funciona assim: o artista do chamado tecnobrega faz shows e anima bailes - de periferia ou não, e grava toscamente suas faixas. O camelô transformado em empresário grava CDs caseiros vende por 3 (três!) mangos, um terço indo pro artista. As rádios executam, e o ciclo fecha com novos shows e bailes contratados. Não é pirataria (como erradamente classificou Hermano Vianna), pois tem a benção e participação ativa dos artistas. Mas não é oficial, pois não existem selos nem impostos. Pronto: criou-se um meio de driblar o sistema das gravadoras em que todos ficam contentes: o público (CDs baratos, oferta abundante), os artistas (vivendo da música), a economia informal local (que não precisa fugir da polícia, ficando numa área cinzenta entre a legalidade e a ilegalidade). Além do quê, gerou-se uma subcultura de tecnobrega rica, com um linguajar próprio e atividades em redes produtivas.

A música? Vai lá ouvir! O site Amazon Music tem.

Bem aqui, o DJ Dolores fala um pouco do fenômeno.

O antropólogo Hermano Vianna faz uma análise do mercado tecnobrega aqui, às vezes equivocada mas sempre interessante.

A terceira edição, em 85. 

REVIVAL ANOS 90

Já que a nostalgia se volta cada mais pra um passado tão recente. 2005, metade da década, podemos começar a sentir saudades da década passada. Pra mim os anos noventa ainda não têm cara. Porque a cara de uma época é invenção da época seguinte, um pastiche mesmo, vide American Graffiti. E a gente ainda não decidiu que cara os noventa tiveram.

O saudosismo que fiquei chocada de ver como me tocou foi o da defunta Revista Bizz, que fez a cabeça da galera que cresceu no tempo de Menudos e febre do Kiss. Só de ver as capas das primeiras revistas na web fiquei toda derretida. Eu tinha todas. Queria era pegar uma cópia e ler, imagino se o texto sobreviveria a um exame mais minucioso. Ia dizer mais maduro, mas pensei melhor e aí...

Malandro rife dos sambandidos 

VAI EM PAZ, MALANDRO

E depois de uma vida bem-vivida com muito samba de partido alto, despediu-se do planeta o grande Bezerra da Silva.

Tem muito pra falar do Bezerra e muita gente está falando. Google nele! O talento e a importância de Bezerra foram, ainda bem, reconhecidos em vida. Muito moleque está regravando seus sambandidos em ritmo de rap ou rock, vide Gabriel o Pensador, Planet Hemp, Engajaduz - só pra dar três exemplos. A gente só quer deixar aqui nossa homenagem e o nosso boa viagem e obrigado! Malandro rife Bezerra se mandou dessa muvuca pruma melhor, e vai poder ficar fazendo a cabeça sem encanação. Pelo menos era o que ela pensava, o malandro convertido que estava prestes a gravar um CD evangélico! Esse eu lamento não ter podido ouvir...