MUTEK, UM PASSO ATRÁS
Depois as coisas foram mudando. Apareceu o superstar DJ, e os produtores foram ficando cada vez mais cheios de si e exigindo crédito para sua pretensa genialidade. Chato. O Mutek, um dos mais importantes festivais de música eletrônica do planeta, apareceu mais ou menos nessa época - fins dos 90 início dos 00 - pra preencher a lacuna de eventos em que o produtor de música eletrônica não está lá pra garantir a vibe, mas sim pra mostrar seu conhecimento, seu virtuosismo e, hehe, sua pose - ele é o centro das atenções. Mesmo assim é legal, a música tende a ser bem-feita e interessante.
Este ano, porém, rolou o extremo: o Artista se punha diante do público, que respeitosamente ouvia tudo sentado, olhos fixos no músico cercado de pilhas de equipamento imponente e intimidante. Antes do ínicio das apresentações, o silêncio total da platéia era exigido, com shhhs e shut-ups. A agência do público se resumia ao órgão auditivo e visual.
Eu entendo a proposta, mas não é a minha praia. A postura de respeito, a hierarquia entre público e artista, a falta de agência do público, tudo isso eu acho um retrocesso. Podia muito bem ir ao museu assistir a um concerto de música eletroacústica. Pelo menos lá, os músicos não exibem tanta atitude...
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